A filosofia talvez possa ser entendida como a
descoberta de que educar é auto educar-se, ou seja, a necessidade de educar-se
por meio da razão, o espanto de perguntar-se o que é a 14 natureza, o que é o ser,
contudo, não se trata de qualquer diálogo, afinal, nem toda conversa é filosofia.
Trata-se da educação que se faz no diálogo, na pergunta que abre a
investigação, no caminho do argumento. Podemos ver a filosofia como uma aposta
de que a vida pode ser mais bem vivida pela amizade que se dispõe ao diálogo
filosófica, e não pela violência. A formulação do Artigo 36 da Lei nº 9394/96
favoreceu o entendimento da Filosofia e da Sociologia como um conhecimento
transversal, conceito desenvolvido nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o
Ensino Médio, documento que, assim como os Parâmetros Curriculares Nacionais
para o Ensino Médio – PCNEM -, foi publicado durante o governo de Fernando
Henrique Cardoso. Nesse mesmo governo, também ocorreu, no ano de 2000, o veto
ao projeto de lei que determinava a inclusão de filosofia e sociologia como
disciplinas obrigatórias no ensino médio. Os PCNEM, que foram bastante
discutidos, ao menos em parte das escolas do país, apresentam o ensino de filosofia
estruturado por meio de competências e habilidades. Contudo, a aplicação da
noção de competência à educação pode ser questionada de diversas formas.
Não obstante, a concepção de ensino de filosofia
apresentada no documento tem o mérito de destacar capacidades importantes a
serem trabalhadas com os estudantes, não se restringindo a uma mera reprodução
de conteúdos. A filosofia deve ser considerada em sua situação específica na
educação por voltar-se para jovens que não necessariamente irão se profissionalizar
em filosofia, relacionar-se com outras disciplinas, conteúdos e valores na construção
de um currículo voltado para a formação de todos os cidadãos. Sabemos que, em grande
parte, a formação dos sujeitos e das subjetividades se dá sob forte influência
da mídia, em especial da TV mas também de outros meios de comunicação. A
prática do ensino de filosofia, na maioria dos casos, ainda está presa à
discursividade, o que é cobrado dos alunos são habilidades cognitivas e linguísticas
como se estas estivessem separadas do corpo, e não vinculadas a hábitos
adquiridos. Estudar filosofia é também estuda problemas filosóficos, aprender a
articular, conceitualmente, os pensamentos, articular as idéias de forma
rigorosa e buscar fundamentos e a completude das explicações, das compreensões.
Aprender filosofia é um desafio, envolve a escuta
de uma lição externa, por meio da qual pretendemos superar nosso senso comum.
Há uma lógica própria da filosofia que se baseia na permanência da
possibilidade de questionar, perguntar sobre o que são as coisas, o que é o
real, permitir-se questionar o real, no sentido de buscar compreende-lo, e não
apenas submeter-se a ele como a uma força cega.
Referência:
JARDIM, Alex Fabiano Correa & BORGES, Ângela
Christina & FREITAS, Gildete dos Santos et al. Filosofia da
Educação.


